Mariz e seu

escritório

Uma história entrelaçada.

Na década de 1970, grandes bacharéis se reuniam, diariamente, na Praça da Alegria, recanto que abrigava um banco e muita prosa, localizado no Palácio da Justiça, no centro de São Paulo. Alguns advogados iniciantes ficavam na espreita, tentando absorver informações, ensinamentos e histórias que ali surgiam.

Entre os jovens doutores estava Antonio Cláudio Mariz de Oliveira que hoje, transcorridos quase 50 anos, lembra com saudade das vivências nos corredores do Fórum. Àquela altura, Mariz de Oliveira já havia direcionado sua carreira para a área penal. Ele trabalhava com o pai, Dr. Waldemar Mariz de Oliveira, que atuava no Civil, em um escritório na Praça da Sé.

Formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC – SP) em 1970, Mariz teve a chance de conhecer na prática os meandros do Direito Penal quando foi convidado pelo amigo José Carlos Dias para atuarem juntos em uma causa. Em seguida, foi indicado como Defensor Dativo do Tribunal do Júri. “Nessa condição eu fiz 140 júris de graça e passei a ir diariamente na Casa de Detenção de SP. Foi quando eu me humanizei”, afirma. Em seguida, trabalhou no Centro Social dos Cabos e Soldados da PM, onde recusou um caso, fato inédito na carreira. Tratava-se de um atentado violento ao pudor contra uma menina de quatro anos. “Minha filha tinha acabado de nascer e não me senti capaz emocionalmente para fazer a defesa.”

Em 1971, Mariz já contava com a parceria do primo, Alberto Viégas Mariz de Oliveira, que foi seu sócio por 20 anos. À época, os dois enfrentaram desafios históricos, como a inédita autorização da justiça para realização de um aborto em um caso que irmão engravidou uma irmã. Ou a alegação, nova na ocasião, da possibilidade de estupro de marido contra mulher.

A trajetória com o pai seguiu até 78, quando Mariz abriu um escritório próprio — com o primo Alberto e o irmão José Eduardo — na rua Nestor Pestana. O conjunto, no terceiro e, anteriormente, no nono andar, foi abrigo para o desenrolar de inúmeros casos estimulantes e desafiadores. Foi também cenário para reuniões políticas, assunto que atraiu Mariz desde a Faculdade. O interesse por se envolver com as demandas da classe começou em 76, quando foi Conselheiro Substituto da Ordem dos Advogados e Secretário da Associação dos Advogados, instituição da qual se tornou presidente em 83. Três anos depois foi eleito presidente da OAB, aos 41 anos.

Alguns clientes trouxeram visibilidade ao escritório, como o ex governador Orestes Quércia e o ex tesoureiro de Collor, PC Farias.

No início da década de 1990, Mariz teve de se dividir entre a rotina na Nestor Pestana e a atuação como Secretário da Segurança Pública de SP. “A experiência como Secretário foi muito boa, mas trouxe uma certa desilusão. A gente vai para um cargo desses pensando que vai mudar o mundo. Aí você percebe que não controla nem o carimbo no papel”.

Em 2002, a necessidade de expandir o escritório provocou a mudança para o espigão na Avenida Paulista, onde ficaram até 2019, quando uma nova demanda por atualização impulsionou a transferência para um endereço mais amplo na Alameda Santos.

O espaço difere em estrutura dos anteriores, mas segue abrigando o grande volume de trabalho e entusiasmo dos profissionais. As salas de reunião e os corredores são cenário para discussões sobre as melhores estratégias a serem adotadas. Invariavelmente, Mariz está no centro das decisões. E, de soslaio, tem algum jovem advogado buscando se inspirar em 50 anos de experiência.