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O sociólogo e crítico literário Antonio Candido morreu no último dia 12, aos 98 anos. Dono de uma vasta produção intelectual, o ensaísta refletiu sobre assuntos diversos propondo caminhos para a valorização da nossa literatura e socieda. Uma característica marcante de sua atuação como intelectual é o perfil de conciliar discursos em nome da reflexão mais aprofundada e menos polarizada.

Candido deixa um acervo valoroso de artigos, livros e ensaios. Em um artigo datado de 1988, o crítico defendeu a ideia de a literatura ser um direito básico do cidadão. E justificou a tese dizendo que a ficção atua na formação do caráter de um sujeito.

Ao explicar que os direitos humanos básicos — moradia, vestuário, alimentação, instrução, saúde, lazer, amparo da justiça, liberdade de expressão e crença–  asseguram nossa sobrevivência física e espiritual, ele questiona: e por que não o direito à arte e à literatura também?

Ele diz: “[…] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante”.

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