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Por Jorge Salomão

Em um ambiente carcerário dominado pela violação aos direitos humanos, Edson tenta fazer valer o ideal estampado no trinômio “paz, justiça e liberdade” por meio da resistência a um sistema penal opressor. Embora se trate de uma obra de ficção que se passa em meados dos anos 90, o drama protagonizado por Seu Jorge em “Irmandade” reflete a política infelizmente ainda atual de encarceramento em massa que acaba com qualquer possibilidade de ressocialização de um detento.

De estreia recente na plataforma de streaming Netflix, a série conta a história de uma advogada que tem que enfrentar um dilema moral depois que policiais a forçam a delatar seu irmão, Edson, que está preso e lidera uma facção de dentro da cadeia.

Com linguagem informal e jargões característicos da subcultura criminal, as atitudes das personagens do enredo se baseiam em um comportamento de violação determinado por crenças que permitem transgressões em algumas ocasiões. Com motes de que “o certo é o certo” e a “palavra num faz curva”, os reclusos fazem a própria lei e instituem o tribunal do crime para julgamento de seus integrantes.

Por sua vez, a diretoria da cadeia comanda sessões de tortura, como se a lei dentro da “ratoeira”, denominação dada à imaginária, porém bem real, Penitenciária Coronel Roberto Tibiriçá, nem sequer existisse. Enquanto aqueles se rebelam e planejam fugas com o intuito de se verem livres, estes entendem que o mal deve ser cortado pela raiz e, na tentativa de impedir a debandada, cometem atrocidades outras que aqui não serão abordadas, sob pena de spoiler.

Sendo a balança da justiça o símbolo místico da equivalência entre o castigo e a culpa (CIRLOT, 1984), opressão e crueldade seriam as melhores formas de resolver essa igualdade de valores? Estaria Têmis, deusa mitológica e protetora dos oprimidos, com os pratos de sua balança indicando que existem diferenças entre aqueles que buscam por “paz, justiça e liberdade” e aqueles que decidem julgar seus erros e acertos?

Como a liberdade é um dos mais caros direitos do cidadão, assistir à essa série poderá trazer respostas, ou ao menos reflexões, sobre tão importante garantia constitucionalmente consagrada, cujo antônimo, na vida real, traz grandes consequências para a sociedade como um todo.

 

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