Artigos & Publicações

“Sociedade alternativa”, uma abstração um pouco anárquica, um pouco mística, teria sido fundada pelo eterno ídolo Raul Seixas e pelo, hoje, best-seller Paulo Coelho. Aparentemente, foi inspirada nos pensamentos do ocultista britânico Aleister Crowley e sua doutrina da “Thelema” que, além do Raulzito, influenciou uma imensa gama de roqueiros, como os Beatles e Led Zeppelin. Em superficial definição, seria uma sociedade de amor e liberdade.

Em entrevista concedida ao jornalista André Barbosa, na extinta rádio FM Record de São Paulo, no ano de 1988, Raul Seixas revelou detalhes de sua prisão pelo regime militar e seu posterior exílio nos Estados Unidos, motivados pela suposta ameaça representada pela “Sociedade alternativa”, no ano de 1974. Pelo que se sabe, é o único registro sobre o assunto.

Raul Seixas contou que por três dias foi torturado, inclusive com choques em “lugares particulares” antes de ser despachado para Nova York, deixando aqui, à própria sorte, o recém lançado álbum Gita.

Depois de quase um ano, foi convidado a voltar ao Brasil. “Que o Brasil já me chamava, que eu era patrimônio nacional e que tava vendendo disco. Cinicamente, o cara falou assim”. Voltou porque estava com saudades. Sem mágoas, acrescentou: “Eu me refiz, graças a Deus, não fiquei com trauma psicológico nenhum e acho que as coisas se processam dessa maneira”.

Entre outros sucessos, o disco Gita traz a música “Sociedade alternativa”. Sucesso até hoje, é um irreverente e delicioso hino à liberdade:

Se eu quero e você quer; Tomar banho de chapéu; Ou esperar Papai Noel; Ou discutir Carlos Gardel; Então vá! Faz o que tu queres, pois é tudo da lei! Da lei!”.

Por Sérgio Alvarenga
Advogado criminalista

#amoliberdade
#liberdade